DSS #056 | Setembro Amarelo: campanha pela vida e pela prevenção ao suicídio

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Setembro Amarelo: campanha pela vida e pela prevenção ao suicídio

O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização que tem como principal objetivo alertar a sociedade sobre a importância da prevenção ao suicídio. Criada em 2013 pelo psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a iniciativa ganhou força nacional em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e tornou-se um movimento permanente de cuidado com a saúde mental.

O dia 10 de setembro é reconhecido mundialmente como o Dia de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha se estende durante todo o ano. Atualmente, o Setembro Amarelo é considerado a maior ação de combate ao estigma em saúde mental do mundo. Em 2025, o tema escolhido é “Se precisar, peça ajuda!”, reforçando a importância de buscar apoio e quebrar o silêncio diante do sofrimento.

Por que o Setembro Amarelo é tão importante?

O suicídio é um problema de saúde pública que atinge pessoas de todas as idades, classes sociais e culturas. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo. Quando se consideram os casos subnotificados, esse número pode ultrapassar 1 milhão.

No Brasil, a média é de 14 mil casos anuais, o que representa cerca de 38 mortes por dia. Apesar de os índices globais apresentarem queda, os países das Américas seguem uma tendência preocupante de aumento. Segundo a OMS, quase todos os casos estão relacionados a transtornos mentais — muitos deles sem diagnóstico ou tratamento adequado. Isso mostra que a maioria das mortes poderia ser evitada com acesso a cuidados de saúde mental e informação de qualidade.

Falar sobre o tema é fundamental

O suicídio ainda é um assunto cercado de tabus e preconceitos. Por isso, o Setembro Amarelo incentiva o diálogo aberto e acolhedor sobre o tema. Falar sobre dor emocional não incentiva o ato — ao contrário, ajuda a aliviar o sofrimento e a mostrar caminhos de apoio.

Quando alguém pensa em acabar com a própria vida, é comum que seus pensamentos e sentimentos fiquem limitados pela dor. A pessoa acredita não haver saída e perde a capacidade de enxergar alternativas. Por isso, o papel da escuta é essencial. Saber ouvir sem julgamentos, demonstrar empatia e oferecer ajuda pode fazer toda a diferença.

Como ajudar alguém que está em sofrimento

Se uma pessoa próxima demonstra sinais de desânimo, isolamento, desesperança ou fala sobre morte, é importante agir. Algumas atitudes podem ajudar:

  • Escute com atenção e sem interrupções;
  • Evite minimizar o sofrimento ou dar respostas prontas;
  • Mostre que está disponível e disposto a ajudar;
  • Incentive a busca por atendimento médico, especialmente com um psiquiatra ou psicólogo;
  • Ofereça apoio constante e acompanhe de perto.

Essas ações simples podem salvar vidas. A ajuda profissional é indispensável, pois o tratamento adequado pode controlar os sintomas e devolver à pessoa o equilíbrio emocional e o desejo de viver.

Dados sobre o suicídio

O suicídio é uma das principais causas de morte no mundo, superando doenças como o HIV, malária e até o câncer de mama. Entre jovens de 15 a 29 anos, é a quarta causa de morte, ficando atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

No Brasil, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2022, houve um aumento de 49,3% nas mortes por suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos e de 45% entre jovens de 10 a 14 anos, entre 2016 e 2021. Esses números revelam a urgência de abordar o tema entre as novas gerações e fortalecer os serviços de apoio psicológico e educacional.

As taxas também variam conforme o gênero. No Brasil, para cada 100 mil habitantes, a taxa é de 12,6 entre os homens e 5,4 entre as mulheres. Em geral, os homens recorrem mais a métodos letais, enquanto as mulheres apresentam mais tentativas. Essa diferença reforça a importância de ações específicas para cada público, com foco em prevenção e acolhimento.

Prevenção: um compromisso coletivo

Embora o tema seja delicado, falar sobre suicídio com responsabilidade e empatia é uma das formas mais eficazes de prevenir novas perdas. Cada pessoa pode contribuir — seja oferecendo escuta, divulgando informações corretas ou incentivando o acesso a ajuda profissional.

Infelizmente, apenas 38 países possuem estratégias nacionais de prevenção ao suicídio. Isso mostra que ainda há muito trabalho a ser feito. A conscientização é o primeiro passo para quebrar o estigma e transformar o cuidado em prioridade.

Setembro Amarelo 2025: se precisar, peça ajuda

O lema deste ano reforça que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas um ato de coragem. Buscar apoio emocional e médico pode mudar o rumo da vida de quem sofre. É essencial fortalecer as redes de atenção em saúde mental e promover espaços onde as pessoas se sintam seguras para falar.

Se você ou alguém que conhece está em sofrimento, saiba que existem canais de ajuda disponíveis 24 horas:

  • Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita) ou www.cvv.org.br;
  • SAMU – 192;
  • Unidades Básicas de Saúde – com atendimento psicológico e psiquiátrico pelo SUS.

Conclusão

O Setembro Amarelo é um chamado à empatia e ao cuidado. Cada conversa, gesto de acolhimento e atitude de apoio tem o poder de salvar vidas. A prevenção do suicídio começa quando escolhemos ouvir, compreender e estender a mão a quem precisa.

Falar é o primeiro passo para transformar a dor em esperança. Lembre-se: se precisar, peça ajuda — e se puder, ofereça também.

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